Errante, perdido, caminhou...
Envolto no manto da noite.
Aportou no balcão de alguns bares,
Auscultou alheios murmúrios,
Desdenhou de alguns esgares
Que furtivamente observava.
Baixava o olhar momentaneamente
Se alguém dava pela sua presença
Depois sorvia de um trago,
O que o pudesse reter por ali.
Fustigava-o o frio com um açoite
Mas de novo vagueava
Até entrar novamente
Meio distante e sem convicção,
Mais uma bebida, tentativa frustrada
De afugentar a sensação de solidão,
Mais uma noite passada.
E quando tarde da noite,
Ébrio, alterado e cambaleante
Decidia que era hora de regressar,
Não pensava quão grande era o risco
Na hora de por o motor a trabalhar.
Os anos foram passando,
Alguns autos totalmente destruídos.
Cicatrizes, essas recordando
Resultados dessa antiga insegurança
As horas e esses passos perdidos,
Deram lugar a uma renovada esperança.
Angel Charlie